sábado, 30 de julho de 2011

Usual



Desceu as escadas já com os pés cansados ainda que o sol demonstrasse uma luz bem mais fugaz.
Olhos baixos e olhares gelados.
Geladeira. Prato. Mesa.
Colher. Dentes.
Comia.
Mais um dia comum para sempre frisar seus gestos usuais de decisões gerais com o adorno de objetos normais e nada mais.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

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Difícil é dar ordem para as palavras em um momento de tristeza.
Quando todas as palavras estão separadas, chorando pelos cantos.
Momento em que elas preferem ficar sozinhas olhando as coisas com olhar meio avulso e querendo mesmo enxergar o infinito ou qualquer outra dimensão.
Até mesmo porque quando juntamos as palavras elas se fazem difíceis e não nos falam nada que ganhe muito sentido. (Ou ao menos nada do que queríamos escutar).
Palavras que se esquecem de um tempo presente pra regrar mesmo algum pretérito que deixou de ser perfeito... E nada de pensar no futuro.
Palavras que estavam todas juntas até chegar um ponto final.

SilenciAr

É momento de dizer algo.
Mas o silêncio também nos explica bem.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pesares



Vivia, apesar dos pesares, pesando a vida.
Sem saber que o pesado era somente a dor que eu trazia.
No bolso direito tristeza eu tinha.
Me sobrava o esquerdo mas não sobrava alegria.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Modo de Fazer



Concorde comigo que é diferente.
Radicalizando, podemos dizer até mesmo que é estranho.
Não inclui modo de fazer ou mesmo bula.
Não diz se tempero vai a gosto.
E pra descobrir o remetente?
E pra não deixar errar o destinatário?

Já ouvi dizer que não presta e sempre que tentar trocar vai acabar estragando de novo.
Tem gente que a cada semana se diz feliz com a vinda de mais um.
A cada dia, as vezes...
É gente que diz saber de tudo.
É gente que diz saber de menos.
Eu, já acho o amor bem simples.
Só não sou louco de tentar explicar.

Pontos de Luz



A noite na cidade me parece assim:
Cada luz é uma casa acessa onde moram pessoas as vezes apagadas.
Cada luz não acessa é onde as pessoas sonham os planos as vezes de luz.

Simetria do Abraço



O abraço na realidade não tem sua essência no campo das humanas.
O abraço, em suma, pertence ao campo das exatas.

Abraço é questão de geometria,  questão de não deixar vácuo no intervalo dos dois corpos em questão.
É questão de leis da física. 
Se a ação de alguém é te abraçar forte, reaja com a mesma força. (Ou reaja com um aperto mais forte ainda. Afinal, sempre ignoramos as leis).
A anatomia de nossos braços não permite que abracemos tudo ao mesmo tempo, mesmo que tenhamos vontade de abraçar o mundo. 
Mas não nos preocupemos com isso.
Sei o que somos, somos soluções! 
Muitas vezes heterogêneas, mas, ao abraçar, quem é que se lembra disso?
Queremos, de fato, é misturar! Você sabe, sermos homogêneos!
Então, bem talvez, um bom abraço é a atração de pólos diferentes com vontades iguais.
É a vontade de mudar de estado.
Façamos as contas!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Criolo - Cálice


Genial versão do grade rapper paulista, Criolo.

Passe



Dai-me letras, ó Pai, diante da murmuridão, diante do silêncio, diante da folha com baixa pressão.
Dai-me, antes do sol brotar do solo, antes da lágrima traçar um mapa de meu rosto até ter como limite o chão.
Não me limitai.
Sem linhas e sem métrica.
Ter passe e que se depende de minha vontade aplico a força pra que toda palavra ultrapasse.
E ainda que nada seja fácil e tudo me apareça com disfarce eu darei meu grito e o que era mudo muda de face.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nada Eterno



Amor, tal qual quem ajoelha de fronte a sua face, tal qual aquele que de pele tão gasta e grossa, pelos silenciosos calos da servidão castigada, que no ajoelhar não sente mais o chão. Amor, tal como quem te ama, te peço: amor!
Que me sirva de quem tú és não em um banquete a finos pratos e prataria real. Mas sim em um pano estendido em campo aberto, entre meio sol e meia sombra numa tarde que pareça longe do fim.
Que eu coma de tua sinceridade e em teus olhos beber da mais pura alegria.
Que o nosso fim seja apenas a lua vindo anunciar o nosso sono e antes de adormecer teríamos a ação do contrapeso de nossos corpos.
Amor, não te peço nada eterno mas que sejamos sempre além de um dia.
Que um dia sejamos além.

sábado, 2 de julho de 2011

Leviano



Durma, meu amor.
Durma porque temos tempo.
Seu corpo em meu colo, meus dedos em seu cabelo, tocando seus sonhos.
É tão bonito ver o seu respirar, leve, que me leva e que me deixa assim, meio leviano, de sorriso bobo e olhar brilhoso.
Durma que eu também sonho.
Sonhe que em teus sonhos eu também te amo.

Poesia de Calçada


Gozar de minha loucura, assim, sentado em calçada uivando pra lua.
Velho cachorro franzino, vira lata de rua.
Debaixo d'água, perdido na chuva.
Sorrindo alvuso e me sentindo avesso.
Ao contrário das placas, parado em contramão.
Preferindo a alegria do feio do que a tristeza da perfeição.

Eu No Espelho


Olhar no espelho e não encontrar o reflexo ideal.
Bem talvez isso é por não conhecer o que eu quero.
Ou talvez por não saber quem eu sou.
Mas e se busco um outro alguém?
Se não me conheço, este alguém poderia ser eu?
Não gosto de tanto egocentrismo.
Então, pensando bem, busco um alguém semelhante.
O quanto semelhante?
O necessário pra saber quem eu sou.

sexta-feira, 1 de julho de 2011