segunda-feira, 29 de abril de 2013

Metáfora da Vida


As vezes me pergunto se a ideia do cachorro correndo atrás do próprio rabo não seria a metáfora da minha vida. Corro atrás de mim ao mesmo tempo que também fujo da pessoa que sou... É confusão.
Talvez eu também seja aquele besta canino, latindo os carros asfalto afora, rezando para que o automóvel não pare.
Queria mesmo é caminhar por outra metáfora. Minha mãe dizia sempre que "todas segundas, quartas e sextas feiras o lixeiro passa. Lembra de pôr o lixo para fora."
Sei bem que minha amada progenitora só queria me fazer cumprir o dever doméstico, mas que, com essas minhas linhas, ela saiba que cumpriu bem com a missão materna de preparar o filho para a vida.
Acordei durante muito tempo depois do sol raiar. Sempre tarde por demais e o lixo amontou. Eu perdia o tempo da limpeza. Era em mim como se fosse em um aterro.
Colocar o lixo para fora é bem simples, não precisa ser todos os dias, e as vezes nem tão metódico.
Se está com seu lixo atrasado, tudo bem, te acalma. Organiza seu tempo, junta todas as sacolas, logo mais o  lixeiro volta a passar.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Eu Sabia



Eu sabia! Eu me desesperei, reclamei por mais de quatro cantos, mas no fundo eu sabia!
Sabia eu que meu último ponto final não seria o fim.
Longe de mim de ser escritor, fujo até mesmo da alcunha de poeta. Mas, sobretudo, total certeza que a folha em branco é meu divã e desta minha loucura não encontro cura.
É doença crônica (as vezes poesia, as vezes prosa).
Foi tempo de crise, uma baixa em minhas ações. Quem tem hábito de escrever passa por isso... não passa? Tempos ruins.
Dentro de mim foi um presídio; todas as palavras amontoadas, em precariedade, nem sequer direito a banho de sol!
_É o seguinte, isso aqui agora é rebelião! Nenhuma palavra entra, nenhuma palavra sai! A gente tá reivindicando nossos direitos! _ Reclamavam as palavras.
E eu lá sabiam o que elas reclamavam!? Só sei que em cárcere foi morrendo a minha inspiração.
_Você escreve?
_Escrevia...
Meu tempo conjugava-se em passado, daqueles que a gente sentia que, com poesia, era perfeito.
Mas eu sabia... Eu sei.
Sei que de tanto inspirar eu acabei prendendo por demais meu fôlego e me esqueci de um detalhe: Respirar!
Eu causei minha pausa. Os últimos créditos do meu filme subiram e da sequência eu não sabia, pensei meu personagem terminando por ali, uma curta epopeia.
Mas, depois de algum tempo sustentando o peso do mundo, voltei a respirar. Expulsei meus demônios em um sopro! Tirei o mundo das costas e deixei essa bola rolar.
E neste exato momento, meu caro, minha caríssima, eu me encontro como eu me encontrava estações atrás: um sorriso meio de lado, com uma caneta mais que livre, um coração mais que acelerado e uma vontade mais que sem vergonha de escrever tudo aquilo que me vier a calhar.
Eu sabia.

Voltei :)